Resenha: A Rainha de Tearling


Livro A Rainha de Tearling e funko pop da Malévola


Eu comecei A Rainha de Tearling sabendo exatamente vários nadas sobre ele, com exceção da sinopse, que, para ser sincera, não me animou muito. Somando-se a isso, tinha a "comparação" na capa com a Katniss Everdeen, que apesar de ser uma personagem cuja importância eu reconheço, sempre achei bem chata. E volto a falar que esse tipo de comparação quase nunca gera um efeito positivo do meu ponto de vista. Ou ela é feita com um personagem/história que você não gosta e acaba tirando sua vontade de ler ou é com algo que você ama e pode fazer com que suas expectativas sejam direcionadas para uma direção errada. 

Mas mesmo assim, não sei bem o porquê, fiquei curiosa e resolvi dar uma chance...e minha gente, como eu AMEI esse livro! Eu não estava mesmo esperando tudo que ele me entregou.

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A história começa no dia em que a Guarda da Rainha vai buscar Kelsea para assumir seu lugar de direito como rainha no Reino de Tearling. Ainda bebê ela foi mandada para morar escondida em uma cabana com seus pais de criação e tutores, Carlin e Bartholemew Glynn, pois a vida junto de sua mãe, a Rainha Elyssa, já não era mais segura. 

Kelsea acabara de completar 19 anos e apesar de ter sabido e sido preparada a sua vida toda para esse papel, não estava nem um pouco feliz em assumi-lo. Ela cresceu completamente isolada e as únicas pessoas com quem já teve contato foram seus pais, como governaria um reino inteiro que conhece apenas pelos livros? Além disso, tinha que lidar com a falta de confiança que sua própria guarda depositava nela, achando que não passava de uma menina que não sabia se virar sozinha. 

- Por que me trouxeram uma égua, quando todos montam em garanhões?- Não sabíamos se Vossa Alteza sabia montar - respondeu ele, e dessa vez o tom de zombaria em sua voz foi inequívoco. - Não sabíamos se conseguiria controlar um garanhão.
Kelsea estreitou os olhos.
- O que acharam que fiquei fazendo na floresta todos esses anos?
- Brincando de boneca, Lady. Arrumando o cabelo. Experimentando vestidos, talvez.

Como se tudo isso já não bastasse, Kelsea ainda corre o risco de não conseguir nem assumir o trono, já que seu próprio tio, o Regente, contratou assassinos para matá-la e garantir sua permanência no poder, num reinado de opressão e injustiças.

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Os leitores são apresentados ao Tearling e a sua verdadeira situação lentamente, através do que a própria Kelsea vai descobrindo e que é bem pouco, já que sua Guarda não parece muito disposta a compartilhar informações sobre o reinado de Elyssa, que agora já falecera. E isso me agradou bastante e fez com que eu ficasse ainda mais presa à história. Claro que às vezes, assim como Kelsea, ficava irritada com as constantes negativas de informações, mas sabia que tudo tinha um propósito. E por não estar muito habituada a ler fantasias, fico confusa quando tudo é jogado em cima de mim de uma vez só. Preciso ir absorvendo lentamente as novidades.
E eu adorei esse Universo. Não é uma fantasia onde se encontram elementos mágicos a cada página, mas o que tem foi suficiente para mim, para que essa história fosse ainda mais especial.

A nobreza é retratada de uma forma diferente da que costumamos ver por aí. Despida de toda sua glória, somos apresentados ao lado mais sujo e cruel do dinheiro e do poder. Crianças e mulheres escravizadas, fome, violência e explorações dos mais variados (e perversos) tipos são coisas que vemos repetidamente nessa história.

- Isso não passa de servidão Kelsea. Pior: é servidão promovida pelo Estado. Essas pessoas são forçadas a se matar de trabalhar para manter o estilo de vida confortável dos nobres e, se tiverem sorte, são recompensadas com a sobrevivência. William Tear veio para o Novo Mundo com um sonho de puro socialismo, e veja só onde viemos parar. 

Devido a isso, as discussões e as criticas ao governo e à religião e até ao controle predominantemente masculino da sociedade são muito mais elaboradas e desenvolvidas do que já vi em outros tantos livros por aí. Até a própria posição de rainha foge do convencional, não tornando a soberana alguém automaticamente adorada e respeitada que toma decisões baseadas unicamente em sua bondade e que vão salvar o reino como um passe de mágica. Kelsea tem plena consciência que vai ter que fazer por merecer o respeito de seu povo há tantos anos oprimido e jogar da maneira certa para concretizar seus planos.

- Nenhum soberano deteve o poder por muito tempo sem o respeito de seus governados - disse-lhe Carlin incontáveis vezes. - Soberanos que tentam controlar uma população descontente não governam nada e terminam com a cabeça na ponta de uma lança.
O conselho de Barty fora ainda mais sucinto.
- Se não conquistar seu povo, vai perder seu trono. 

Mesmo tendo adorado o mundo, a história e as discussões, nada ganhou meu coração tão fortemente quanto os personagens. Eu estava com muito receio da Kelsea ser uma heroína genérica amada por todo mundo sem motivo aparente, porque já tô cansada disso. E apesar de ter demorado um pouco para decidir se gostava ou não dela, quando isso aconteceu vi que meu receio foi infundado, ainda bem! Ela é uma personagem muito humana e coerente, comportando-se da maneira esperada para uma menina de 19 anos, mas ao mesmo tempo tentando da melhor forma governar o seu reino. E suas preocupações e decisões têm fundamento, baseando-se em tudo que lhe fora ensinado por anos. Não é como se do nada ela tivesse aprendido a ser uma rainha.

E o que falar do Clava que mal conheço mas já considero pakas?! E esse mal conheço é bem literal, já que sua vida está cercada de mistérios. Mas ele é um dos personagens mais sensacionais que conheci nesses últimos tempos e o meu preferido do livro, apesar de ser muito difícil escolher um só. Todo mundo tem sua importância e seu momento de destaque na história e você se vê interessado até mesmo na vida dos "vilões".

Ahh, e já ia me esquecendo de dar um viva por não ter triângulo amoroso nessa história!!!! 🙌🙌🙌 Pelo menos não por enquanto, que continue assim *oremos*
Aliás, quase não há romance nesse primeiro livro, acontece apenas um interesse amoroso unilateral, mas que provavelmente será melhor desenvolvido ao longo da série. (E por favor sem triângulo amoroso, sem triângulo amoroso...🙏)

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Estava duvidando que essa resenha fosse sair porque faz muito tempo que não escrevo, mas tenho tanta coisa pra falar desse livro que se não parar posso acabar estragando algum ponto da história. E vão por mim, ler esse livro com menos informações o torna mais interessante ainda! Acho que nem preciso falar isso, mas a leitura é mais que recomendada 💜 E que venha logo a continuação!

Mapa do livro A Rainha de Tearling

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Capa do livro A Rainha de Tearling de Erika Johansen
   Autora: Erika Johansen
   Número de Páginas: 352
   Editora: Suma de Letras
   Idioma: Português
   Tradução: Cássio de Arantes Leite



   Livro recebido de Cortesia do Grupo Companhia das Letras




Sinopse: Quando a rainha Elyssa morre, a princesa Kelsea é levada para um esconderijo, onde é criada em uma cabana isolada, longe das confusões políticas e da história infeliz de Tearling, o reino que está destinada a governar. Dezenove anos depois, os membros remanescentes da Guarda da Rainha aparecem para levar a princesa de volta ao trono – mas o que Kelsea descobre ao chegar é que a fortaleza real está cercada de inimigos e nobres corruptos que adorariam vê-la morta. Mesmo sendo a rainha de direito e estando de posse da safira Tear – uma joia de imenso poder –, Kelsea nunca se sentiu mais insegura e despreparada para governar. Em seu desespero para conseguir justiça para um povo oprimido há décadas, ela desperta a fúria da Rainha Vermelha, uma poderosa feiticeira que comanda o reino vizinho, Mortmesne. Mas Kelsea é determinada e se torna cada dia mais experiente em navegar as políticas perigosas da corte. Sua jornada para salvar o reino e se tornar a rainha que deseja ser está apenas começando. Muitos mistérios, intrigas e batalhas virão antes que seu governo se torne uma lenda... ou uma tragédia.

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