Resenha: 15 contos escolhidos de Katherine Mansfield



Número de Páginas: 272
Editora: Record
Idioma: Português
Autor: Katherine Mansfield
Tradução: Mônica Maia
Seleção de Textos: Flora Pinheiro

Livro recebido em parceria com o Grupo Editorial Record
Sou uma leitora novata quando se trata de contos, mas estou tentando mudar isso de uns tempos pra cá. Eu não sei o quanto Katherine Mansfield é famosa, mas eu não a conhecia e fiquei bem curiosa por ver uma opinião positiva da Virginia Woolf sobre sua obra. Não que eu já tenha lido Virginia Woolf também, mas sei de sua importância na Literatura e o quanto ela é querida por muitos leitores.




Porém, acho que fiz a escolha desse livro no momento errado. Acredito que eu não tinha bagagem literária suficiente para aproveitar (ou até mesmo entender) seus textos. Como o título diz, o livro é composto de 15 contos e eu consegui gostar mais ou menos de três. Quase todos são bem curtinhos e acabam meio do nada, no meio de um acontecimento ou de uma conversa. Ainda não tinha lido contos que acabavam de forma semelhante, todos eles eram mais ou menos fechadinhos, por menores que fossem. Então isso me causou uma estranheza muito grande.

 Êxtase
 Je ne parle pas français
 A festa no jardim
 Uma xícara de chá
 As filhas do falecido coronel
 A mosca
 Picles de pepino
 A jovem governanta
 A casa de bonecas
 Prelúdio
 Cenas
 Feuille d'Album
 A fuga
 Vestir o hábito
 Srta. Brill

O tema dos contos é variado, mas sempre tratam de situações cotidianas: uma festa no jardim, uma mudança de casa, um jantar entre amigos. A autora, porém, também toca em alguns assuntos mais delicados como morte, adultério e pedofilia, mas de uma forma não tão explícita. As narrativas são mais focadas nos pensamentos dos personagens do que propriamente em ações e por vezes eu demorava a notar que a realidade tinha sido substituída por uma divagação, o que prejudicava a minha compreensão. Mas mesmo assim, achei alguns trechos bem interessantes.

"Acredito que as pessoas são como valises - repletas de certas coisas, enviadas a destinos, jogadas para lá e para cá, achadas e perdidas, esvaziadas pela metade de repente, ou mais abarrotadas do que nunca, até que afinal o último carregador as joga no último trem e elas vão embora chacoalhando..."

Enquanto lia, por acaso vi uma resenha do primeiro conto, "Êxtase" e comentários sobre como havia simbolismos e metáforas contidos nele. E eu não consegui enxergar nada além do que estava literalmente escrito nas páginas. Acredito que isso seja uma característica geral da obra da autora, por isso disse que talvez eu não tenha a bagagem necessária para apreciar sua escrita. 

Os personagens me incomodaram bastante. Achei quase todos estranhos e efusivos demais, principalmente as mulheres. Eu sei que os contos foram escritos em uma outra época (1915 - 1922), mas os diálogos me pareciam meio forçados e até mesmo sem sentido. Também achei que algumas personagens femininas tinham um nível de ingenuidade difícil de se acreditar. Mas talvez tudo isso seja explicado pelo significado oculto que eu não entendi. 

Pretendo futuramente reler esse livro e ver se tenho impressões diferentes. Queria realmente fazer uma resenha melhor, mas é difícil se nem mesmo consegui compreender o livro da forma como deveria. Mas acho que é uma boa pedida para quem gosta de contos e já leu outras obras semelhantes.

"Sabe que me ocorreu a ideia louca de que estivessem se beijando naquele quarto silencioso - um beijo longo e reconfortante. Um daqueles beijos que não só colocam a tristeza de alguém na cama, mas cuidam dela e a colocam para dormir bem protegida e a mantêm aquecida até que adormeça profundamente. Ah! Como isso é bom. "